MORAR BEM!...

A Vila Kosmos é um bairro residencial da cidade do Rio de Janeiro, que embora sendo uma Metrópole, e antigo Distrito Federal, onde por muito tempo esteve sediada a Capital do Brasil, pode contar com um lugar como esse, de jeito interiorano, local cujas pessoas se conhecem, cumprimentam-se, são solidárias e fazem festas nas vias públicas de épocas, tais como o Carnaval, São João, etc. No lapso de uma hora, dependendo do tipo de transporte, da Vila Kosmos, pode-se chegar, por exemplo, de carro à Praia de Grumari em 50 minutos, ou à Copacabana em 36 minutos; por outra, de Metrô, partindo da estação Vicente de Carvalho em 18 minutos é possível alcançar o Maracanã ou a UERJ; em 23 minutos, também de Metrô, chega-se à Central do Brasil; ao Largo da Carioca, em 28 minutos; pode-se ir à pé ao Carioca Shopping e até mesmo à Casa de Show Olimpo ... É um bairro servido de muitos ônibus, metrô. A partir daí pode-se ter uma idéia de distâncias, e saber que o conceito de morar bem ou mal tem a ver com o ponto de vista de cada um, e com o de partida, também. Ser feliz é morar onde se gosta! Nós gostamos! Ao vosso dispor para demais informações: E-MAIL: leonardoamorim@ig.com.br . Tels: (21) 33510191; (21) 992257626 - LEONARDO AMORIM.

terça-feira, 8 de março de 2011

EREMIAS DELIZOIKOV.


Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR). Nasceu EM 27/03/1951, em São Paulo, filho de Jorge Delizoicov e Liubov Gradinar. Estudante secundarista, foi assassinado no dia 16/10/1969, na Rua Toropi, 59, Vila kosmos, Rio de Janeiro, quando reagiu ao cerco montado pelos agentes do DOI/CODI-RJ que tentavam prendê-lo. Foi identificado e enterrado como José Araújo Nóbrega – o sargento Nóbrega – que à época dos fatos, era também um perseguido político e militava na VPR. Os órgãos de repressão, aparentemente, pareciam confusos e não sabiam qual a verdadeira identidade do cadáver: pura encenação, para cometerem o crime de ocultação de cadáver; as impressões digitais de Eremias já estavam confirmadas pelo datiloscopista da Delegacia de Crimes Contra a Pessoa, de São Paulo, no dia 11/12/1969, conforme comunicado n° 76/69 da Secretaria de Segurança Pública. Sabiam quem tinham enterrado! Morreu em tiroteio com membros dos Órgãos de Segurança e o da Marinha.



Texto de Demétrio Delizoicov Neto, irmão de Eremias:

“Eremias viveu toda a sua infância e boa parte da sua curta adolescência na Moóca. Completou o curso primário, em 1961, no Grupo Escolar Pandiá Calógeras e o ginasial em 1965, no Colégio Estadual M.M.D.C. Neste mesmo colégio iniciou, em 1966, o curso clássico. Em 1967 foi aprovado no exame de seleção da Escola Técnica Federal de São Paulo e cursou, simultaneamente com o clássico, o curso de mecânica.

Iniciou a leitura das obras de Aluísio de Azevedo, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Ficou particularmente sensibilizado com as poesias de Augusto dos Anjos e passou a questionar a realidade brasileira ao ler Geopolítica da Fome, de Josué de Castro. Em 1967, no Colégio Estadual M.M.D.C., articulou-se com outros colegas para formar uma chapa que disputaria as eleições para o grêmio estudantil, iniciando sua militância política.

Ficou conhecendo detalhes do acordo MEC-USAID e engajou-se no movimento estudantil contra tal acordo. Passou a interagir com estudantes de outras escolas secundárias e articularam uma chapa para disputar, em 68, as diretorias da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). Organizou, juntamente com o grupo, o movimento estudantil secundarista nas escolas da zona leste de São Paulo. Eremias, em 1968, passou a liderar um movimento reivindicatório de alunos no Colégio Estadual M.M.D.C., organizando uma greve e comícios. Em virtude disso, foi transferido compulsoriamente, juntamente com alguns colegas, pela Direção do Colégio contestada por alguns professores. Conseguiu matricular-se no Colégio Estadual Firmino de Proença, terminando o ano. Paralelamente continuou seu curso técnico.

Durante as greves operárias de 68, em Osasco, assistiu a algumas assembléias sindicais, com outros colegas que levavam o apoio dos estudantes aos operários em greve. Engajou-se na campanha para obter fundos de greve.

No início de 1969, entrou para a VPR. Simulou uma discordância com os pais e passou a morar fora de casa, mas visitava-os semanalmente.
Em meados de julho de 69, os órgãos de repressão já sabiam da sua militância. Dias antes, Eremias, sabendo do inevitável, reuniu-se com os pais e os pôs a par da sua real situação. Estes esforçaram-se para uma saída segura: enviá-lo ao exterior, mas Eremias optou pelo Brasil e pela clandestinidade. Nunca mais o viram, vivo ou morto.

Seu pai foi detido duas vezes no Q.G. do II Exército para prestar depoimentos. Os prontuários das escolas onde estudara foram vasculhados. Junto com os demais companheiros, sua foto foi exposta em cartazes de pessoas procuradas pelos órgãos de repressão.

No início de 1970, meu pai foi convocado ao DOPS em São Paulo pelo Delegado Sérgio Fleury. Enquanto aguardava na ante-sala daquele policial, percebeu que Fleury pressionava a mãe de um cidadão procurado, dizendo que deveria fornecer o paradeiro de seu filho. A certa altura, meu pai, que a tudo ouvia, pois a porta do delegado estava aberta, ouviu-o dizer algo como ‘É uma questão de tempo, ou ele é preso ou morto como o filho daquele senhor’, referindo-se a meu pai, que nesse momento, inteirou-se do falecimento de Eremias. Em seguida, Fleury explicou-lhe o ocorrido na Vila Kosmos, agregando que Nóbrega estava vivo e havia sido preso dias antes, e que, portanto, o morto em outubro de 1969 era Eremias. Fleury descartou qualquer possibilidade de ajuda em relação ao esclarecimento oficial dos fatos, alegando que se algo pudesse ser feito, seria no Rio de Janeiro, junto ao I Exército. Dias após a ida de meu pai ao Dops, a imprensa toda noticiaria que Nóbrega havia sido preso e que a pessoa morta no confronto com o Exército, em outubro de 1969, era Eremias. Enquanto durou a clandestinidade de Eremias, principalmente nos meses de junho a agosto de 1969, a casa de meus pais era constantemente visitada e vigiada por agentes policiais ou militares. Diante do clima de repressão reinante à época, meu pai entendeu não ser possível iniciar o esclarecimento dos fatos. Em 1975 ou 1976, meus pais foram ao Rio de Janeiro para tentar obter mais informações e localizaram uma vizinha da casa onde fora morto. Segundo a vizinha, a repressão montou um grande aparato, interditando o quarteirão onde se situavam as casas e pessoas que se diziam militares do Exército pediam que os moradores das vizinhanças permanecessem quietos em suas casas. Contra a casa em que morava Eremias foram disparados inúmeros tiros, inclusive de metralhadora e bombas e, de dentro da casa, partiram também vários tiros. A vizinha acrescentou que parte do efetivo militar utilizou-se de sua casa para invadir a casa onde estava Eremias.


Somente em 1993, a família conseguiu o atestado de óbito de Eremias, além da necrópsia e certidão de óbito em nome de Nóbrega e 31 fotos de perícia de local (ICE n° 658/69).

O laudo de perícia de local, também encontrado no ICE/RJ é longo, tendo 10 páginas e descreve o desalinho em que se encontrava a casa onde Eremias foi morto, uma verdadeira operação de guerra.

Documento da Santa Casa de Misericórdia/RJ afirma que, em 25 de maio de 1975, os restos mortais de Eremias foram incinerados como era de praxe.

No Arquivo do DOPS/RJ, consta documento do CENIMAR, de n° 0189, de 23 de julho de 1970, que traz uma relação de militantes do COLINA, VAR-PALMARES e VPR e sua situação em 15 de junho de 1970, onde há os nomes de José Araújo Nóbrega, como banido e Eremias Delizoicov, como morto”.


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