MORAR BEM!...

A Vila Kosmos é um bairro residencial da cidade do Rio de Janeiro, que embora sendo uma Metrópole, e antigo Distrito Federal, onde por muito tempo esteve sediada a Capital do Brasil, pode contar com um lugar como esse, de jeito interiorano, local cujas pessoas se conhecem, cumprimentam-se, são solidárias e fazem festas nas vias públicas de épocas, tais como o Carnaval, São João, etc. No lapso de uma hora, dependendo do tipo de transporte, da Vila Kosmos, pode-se chegar, por exemplo, de carro à Praia de Grumari em 50 minutos, ou à Copacabana em 36 minutos; por outra, de Metrô, partindo da estação Vicente de Carvalho em 18 minutos é possível alcançar o Maracanã ou a UERJ; em 23 minutos, também de Metrô, chega-se à Central do Brasil; ao Largo da Carioca, em 28 minutos; pode-se ir à pé ao Carioca Shopping e até mesmo à Casa de Show Olimpo ... É um bairro servido de muitos ônibus, metrô. A partir daí pode-se ter uma idéia de distâncias, e saber que o conceito de morar bem ou mal tem a ver com o ponto de vista de cada um, e com o de partida, também. Ser feliz é morar onde se gosta! Nós gostamos! Ao vosso dispor para demais informações: E-MAIL: leonardoamorim@ig.com.br . Tels: (21) 33510191; (21) 992257626 - LEONARDO AMORIM.

terça-feira, 8 de março de 2011

VILA KOSMOS: BAIRRO RECONHECIDO, OFICIALMENTE !!!

Decreto 3158 de 23/07/1981 – Pref. J. Coutinho: Estabelece a denominação, codificação e delimitação dos bairros do Rio.
XIV RA (Irajá) - Vila Kosmos
DELIMITAÇÃO DOS BAIRROS: XIV RA – Vila Kosmos: Do entroncamento da Est. Vic. Carvalho com a Rua Flamínia seguindo por esta (excluída) até Rua Comte. Aristides Garnier; por esta (excluída) até Rua Ferreira Chaves; por esta (excluída, excluindo Rua Tolentino Silva) até o seu final; daí, subindo o espigão da Serra da Misericórdia em direção sudeste, até o ponto de cota 187m, deste ponto em direção oeste pela cumeada, passando pelo ponto de cota 148m, até o ponto de cota 184m; deste ponto, descendo o espigão, passando pelas cotas 159m, 164m e 123m, até encontrar o final da Rua Maracá; por esta (excluída), atravessando Metrô, até Av. Automóvel Clube, por esta, (incluído apenas lado par) até Rua Tembés; por esta (incluída) até Rua Angaí; por esta (incluída) até Est. Vic. Carvalho; por esta (incluído apenas lado par, incluindo Pça Aquidauana), ao ponto de partida.

Portanto, o IPASE, o Jardim do Saco, a Equitativa, pelo referido Decreto, pertencem ao bairro da Vila Kosmos. Pessoas, por desconhecimento, ou por timidez, omitem o verdadeiro nome do bairro. Vila Kosmos, repita-se, é bairro! E que bairro! Não tenham vergonha de dizer: somos suburbanos; somos da Vila Kosmos!!! Orgulhem-se!!! 

VILA KOSMOS, INEXISTENTE, PORÉM JÁ DEMARCADA!


Vê-se as cercas demarcando o local para a construção do futuro bairro, nos idos de 1928 . Não se trata de uma simples foto, mas um registro histórico: preciosidade! Esta foto pertencente à Srª Leonor Garcia Cunha, hoje (2010) com 93 anos de vida, e residente em Teresópolis (RJ), pertencia ao seu falecido pai, ex-empregado da Empresa visualizada; cópia cedida a este pesquisador, pelo seu sobrinho, Srº Ronaldo Cunha, morador da rua Alecrim, na V. Kosmos. Vê-se no primeiro plano as edificações da Sociedade Anonyma Hielpert, de um Grupo alemão, e que veio à falência, cujo terreno visto (todo!) foi adquirido por Guilherme Guinle da Massa Falida (1927), e que posteriormente revendeu a parte não construída para a Cia. Imobiliária Kosmos (1928), para erguer a Vila Florença (hoje, Vila Kosmos). Quanto às edificações, posterior e respectivamente deu lugar à Ultragaz, União Mesbla, Carrefour, e Atacadão. Foto obtida da elevação próximo a rua Belarmindo de Matos (nº 773) c/c Bernardo Taveira; vê-se frente à Empresa a Estr. Vic. Carvalho; à direita a Av. Automóvel Club; ao fundo, o Morro da Bicuda.

A RELAÇÃO DE DILMA COM A VILA KOSMOS.

Pode-se dizer, uma relação indireta, até que novas informações possam ser prestadas, desdizendo ou acrescentando o que já se sabe. Dilma Vana Roussef, - mulher de fala pausada, mãos gesticuladoras, olhar austero tem passado que poucos conhecem; até há pouco dizia-se apenas que combatera nas fileiras da VAR-Palmares, um dos principais grupos armados da década de 60; foi militante da POLOP (Política Operária), da COLINA (Comando de Libertação Nacional) e, por fim, do grupo terrorista VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares), todos de cunho comunista. Foi duramente perseguida, presa e torturada e teve papel relevante numa das ações mais espetaculares da guerrilha urbana no Brasil — o célebre roubo do cofre do governador paulista Adhemar de Barros, na chamada Ação Grande, contendo US$ 2,5 milhões, da qual participaram 13 terroristas.
A VAR-Palmares pretendia derrubar o governo militar vigente e construir no Brasil uma ditadura totalitária de esquerda nos moldes cubano ou albanês.

Dilma Vana Roussef, nos idos de 1967, com 20 anos de idade, ingressou na POLOP (Política Operária); cursava a Escola Federal de Economia, em Belo Horizonte e foi recrutada pelo seu noivo e depois marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares.

Com as primeiras prisões da POLOP, fugiu para o Rio e ingressou no COLINA (Comando de Libertação Nacional), outra organização marxista-leninista onde, segundo o jornalista Luiz Maklouf Carvalho, ensinou marxismo para uma célula, escreveu artigos apara o jornal Piquete, ajudou na infra-estrutura de algumas ações armadas (três assaltos a banco) e subiu para a direção do COLINA. 



Durante o famoso encontro da cúpula da VAR-Palmares realizado em Setembro de 1969, em Teresópolis, região serrana do Rio, Dilma Rousseff polemizou duramente com Carlos Lamarca, o maior mito da esquerda guerrilheira. Lamarca queria intensificar as ações de guerrilha rural, e Dilma achava que as operações armadas deveriam ser abrandadas, priorizando a mobilização de massas nas grandes cidades; assim, do encontro, produziu-se um racha. Dos 37 presentes, 30 concordaram com Dilma e 7 acompanharam Lamarca, que ficaram com boa parte das armas da VAR-Palmares e metade da fortuna do cofre.  
A divergência com Carlos Lamarca não impediu Dilma de manter uma sólida amizade com a guerrilheira Iara Iavelberg, musa da esquerda nos anos 60, com quem o capitão manteve um tórrido e tumultuado romance. Dilma chegou a hospedá-la em seu apartamento, no Rio; juntas, iam à praia, falavam de cinema, tornaram-se confidentes.

A Ação Grande
ocorreu na tarde de 18 de Julho de 1969; a bordo de três veículos, um grupo formado por onze homens e duas mulheres, todos da VAR-Palmares, chegou à mansão do irmão de Ana Capriglioni, amante do governador, no bairro de Santa Teresa, no Rio; quatro guerrilheiros ficaram em frente à casa, e nove entraram, renderam os empregados, cortaram as duas linhas telefônicas e dividiram-se: um grupo ficou vigiando os empregados e outro subiu ao quarto para chegar ao cofre de 350 quilos, que devia deslizar sobre uma prancha de madeira pela escadaria de mármore, mas acabou rolando escada abaixo. A ação durou 28 minutos e foi coordenada por Dilma Rousseff e Carlos Franklin Paixão de Araújo, que então comandava a guerrilha urbana da VAR-Palmares em todo o país e mais tarde se tornaria pai da única filha de Dilma; o casal planejou, monitorou e coordenou o assalto ao cofre, no entanto, Dilma não teve participação física na ação: "Se tivesse tido, não teria nenhum problema em admitir", diz Dilma.
Dilma era tão importante para a organização que não podia ir para a linha de frente; ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização: era o "cérebro da ação", diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, que adotava o codinome "Leo", e que, em outra ação espetacular, ajudou o capitão Carlos Lamarca a roubar uma Kombi carregada de fuzis de dentro de um quartel do Exército, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. "Quem passava as orientações do comando nacional para a gente, era ela." Uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. Só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio.
 
Em 16 de Outubro de 1969, mês seguinte ao I Congresso da VAR-P,  Carlos Minc foi preso na rua Ana Neri nº 332, e, sob tortura informou o local sede da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) fundada por Carlos Lamarca; ocorreu então o "estouro" do aparelho terrorista, na mesma data, e localizado na rua Toropi 59, no bairro da Vila Kosmos, onde residiam, além de Carlos Minc, a amante deste, Sônia Eliane Lafoz (hoje socióloga, casada, e residindo em Curitiba), Sargento Araújo (militar desertor do Exército), e o jovem de 18 anos - Eremias Delizoikov (que morreu no local com 35 tiros, numa ação do DÓI-CODI e pessoal da Marinha). O redator deste Blog, na época com 6 anos de idade, lembra-se da imagem vista dos fundos da sua casa, quase fronteiriça com a rua Toropi 59, ocasião que homens armados pularam o muro, vindos de uma casa situada na rua paralela denominada Assurema; outrossim, uma senhora, moradora do morro do Juramento, que trabalhava "lavando" e "passando" roupas, inclusive para a família deste redator, comentou horas antes que "viu" um homem sem as unhas com as mãos sangrando muito, e dentro de um carro na companhia de outros homens "apontando" para o número 59 da rua Toropi. Teria sido Carlos Minc, haja vista ele ter revelado a localização do "aparelho"? A estadia de Dilma na rua Toropi 59, é fato desconhecido, porém não descartado, haja vista, conforme dito, mantinha uma sólida amizade com a guerrilheira Iara Iavelberg, musa da esquerda nos anos 60, com quem o Capitão Lamarca manteve um tórrido e tumultuado romance, até por que Dilma chegou a hospedá-la em seu apartamento, no Rio.

Foi presa em janeiro de 1970; nos três anos que passou na cadeia, seu nome chegou a aparecer em listas de guerrilheiros a ser soltos em troca da libertação de autoridades seqüestradas — mas  uma ação que renderia sua liberdade foi malsucedida. Na época da sua prisão,  o promotor militar que preparou a acusação classificou-a com epítetos superlativos: "Joana D'Arc da guerrilha" e "papisa da subversão". Dilma passou três anos encarcerada em São Paulo e foi submetida aos suplícios da tortura.  




CARLOS MINC, NA VILA KOSMOS.




Carlos Minc Baumfeld terrorista dos anos 60/70, era conhecido pelos codinomes de “Jair”, José” e “Orlando”. Nasceu no Rio de Janeiro em 1951 e aos 18 anos era um líder estudantil atuante; com o início da luta armada contra o Regime Militar aderiu à Vanguarda Armada revolucionária – Palmares – VAR-Palmares, liderada por Carlos Lamarca.
          Portanto, o Min. do Meio Ambiente, de Lula, Carlos Minc, e Dilma Roussef Linhares, sucessora de Lula, faziam parte do mesmo grupo terrorista. Participaram, em 18/07/1969 em Santa Teresa do assalto à casa de Anna Capriglione de onde roubaram o cofre do amante desta, Adhemar de Barros (ex-Gov. de SP); atuaram comandados por Juarez Guimarães de Brito; levaram mais de 2 milhões de dólares, para adquirirem armas. Em 31/03/1969 Minc participou do assalto ao Banco Andrade Arnaud, na rua Visconde da Gávea 92: roubaram 45 milhões de cruzeiros, quando Minc assassinou o comerciante Manoel da Silva Dutra. Minc foi preso na rua Ana Néri 332 no dia 16/10/1969  (permaneceu preso até 15 de junho de 1970, quando saiu do país formando parte do grupo dos 40 militantes comunistas banidos para a Argélia em troca do embaixador da Alemanha, sequestrado quatro dias antes (11/06) - o "cativeiro" do embaixador situava-se no bairro de Cordovil, bem próximo da Vila Kosmos),  e informou o local sede da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) fundada por Carlos Lamarca: rua Toropi 59, Vila Kosmos. Minc residia na Toropi 59 com a amante, Sônia Eliane Lafoz e Eremias Delizoikov. Eremias, jovem da Móoca - São Paulo, aos 18 anos, resistiu à prisão e morreu na Toropi 59: 35 tiros - Execução! Alguns dias depois da morte de Eremias, a VPR distribuiu um panfleto clamando por vingança aos seus mortos, particularmente a Eremias, e, ameaçando os militares do Exército... “podem esperar, nós vamos enchê-los de chumbo quente”. Dizem que Lamarca chegou a visitar a rua Toropi 59!

O SEQUESTRO DO EMBAIXADOR DA ALEMANHA:


No dia 11 de junho de 1970, no arroubo da Copa do Mundo de Futebol, realizada no México, e que faria o Brasil tricampeão mundial, deflagrou-se a ação de seqüestro ao embaixador alemão. Às 19h55, foi executada a ação de seqüestro no Bairro de Santa Tereza, na confluência da Rua Cândido Mendes com a Ladeira do Fialho, próximo à casa do embaixador; fazia parte do grupo participante do sequestro, Sonia Eliane Lafoz, que escapou ao cerco da rua Toropi no dia 16 de Outubro de 1969.
          O embaixador alemão foi levado para o cativeiro, numa casa alugada na Rua Juvêncio de Menezes, número 535, em Cordovil, bairro próximo da Vila da Penha e Vila Kosmos; os militantes Gerson Theodoro de Oliveira e Tereza Ângelo, disfarçados como um casal, foram quem alugaram a casa.
          O seqüestro de Von Holleben durou cinco dias; conta-se que o embaixador foi recebido gentilmente pelo militante Alfredo Sirkis, com chá e salgadinhos, que conversava com ele em inglês, explicando-lhe o lado romântico e ideológico do seqüestro; após o encarceramento do embaixador, foi datilografado um comunicado, fazendo diversas exigências às autoridades do governo, exigindo-se fosse lido na Rádio Nacional, e divulgado a lista com os quarenta nomes de presos que deveriam ser libertados, sendo vinte militantes da VPR, dentre os quais, Carlos Minc Baumfeld, José Araújo de Nóbrega, que também estiveram na rua Toropi 59, na clandestinidade. Os presos foram banidos do país, enviados em um avião da Varig para o exílio na Argélia.

EREMIAS DELIZOIKOV.


Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR). Nasceu EM 27/03/1951, em São Paulo, filho de Jorge Delizoicov e Liubov Gradinar. Estudante secundarista, foi assassinado no dia 16/10/1969, na Rua Toropi, 59, Vila kosmos, Rio de Janeiro, quando reagiu ao cerco montado pelos agentes do DOI/CODI-RJ que tentavam prendê-lo. Foi identificado e enterrado como José Araújo Nóbrega – o sargento Nóbrega – que à época dos fatos, era também um perseguido político e militava na VPR. Os órgãos de repressão, aparentemente, pareciam confusos e não sabiam qual a verdadeira identidade do cadáver: pura encenação, para cometerem o crime de ocultação de cadáver; as impressões digitais de Eremias já estavam confirmadas pelo datiloscopista da Delegacia de Crimes Contra a Pessoa, de São Paulo, no dia 11/12/1969, conforme comunicado n° 76/69 da Secretaria de Segurança Pública. Sabiam quem tinham enterrado! Morreu em tiroteio com membros dos Órgãos de Segurança e o da Marinha.



Texto de Demétrio Delizoicov Neto, irmão de Eremias:

“Eremias viveu toda a sua infância e boa parte da sua curta adolescência na Moóca. Completou o curso primário, em 1961, no Grupo Escolar Pandiá Calógeras e o ginasial em 1965, no Colégio Estadual M.M.D.C. Neste mesmo colégio iniciou, em 1966, o curso clássico. Em 1967 foi aprovado no exame de seleção da Escola Técnica Federal de São Paulo e cursou, simultaneamente com o clássico, o curso de mecânica.

Iniciou a leitura das obras de Aluísio de Azevedo, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Ficou particularmente sensibilizado com as poesias de Augusto dos Anjos e passou a questionar a realidade brasileira ao ler Geopolítica da Fome, de Josué de Castro. Em 1967, no Colégio Estadual M.M.D.C., articulou-se com outros colegas para formar uma chapa que disputaria as eleições para o grêmio estudantil, iniciando sua militância política.

Ficou conhecendo detalhes do acordo MEC-USAID e engajou-se no movimento estudantil contra tal acordo. Passou a interagir com estudantes de outras escolas secundárias e articularam uma chapa para disputar, em 68, as diretorias da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). Organizou, juntamente com o grupo, o movimento estudantil secundarista nas escolas da zona leste de São Paulo. Eremias, em 1968, passou a liderar um movimento reivindicatório de alunos no Colégio Estadual M.M.D.C., organizando uma greve e comícios. Em virtude disso, foi transferido compulsoriamente, juntamente com alguns colegas, pela Direção do Colégio contestada por alguns professores. Conseguiu matricular-se no Colégio Estadual Firmino de Proença, terminando o ano. Paralelamente continuou seu curso técnico.

Durante as greves operárias de 68, em Osasco, assistiu a algumas assembléias sindicais, com outros colegas que levavam o apoio dos estudantes aos operários em greve. Engajou-se na campanha para obter fundos de greve.

No início de 1969, entrou para a VPR. Simulou uma discordância com os pais e passou a morar fora de casa, mas visitava-os semanalmente.
Em meados de julho de 69, os órgãos de repressão já sabiam da sua militância. Dias antes, Eremias, sabendo do inevitável, reuniu-se com os pais e os pôs a par da sua real situação. Estes esforçaram-se para uma saída segura: enviá-lo ao exterior, mas Eremias optou pelo Brasil e pela clandestinidade. Nunca mais o viram, vivo ou morto.

Seu pai foi detido duas vezes no Q.G. do II Exército para prestar depoimentos. Os prontuários das escolas onde estudara foram vasculhados. Junto com os demais companheiros, sua foto foi exposta em cartazes de pessoas procuradas pelos órgãos de repressão.

No início de 1970, meu pai foi convocado ao DOPS em São Paulo pelo Delegado Sérgio Fleury. Enquanto aguardava na ante-sala daquele policial, percebeu que Fleury pressionava a mãe de um cidadão procurado, dizendo que deveria fornecer o paradeiro de seu filho. A certa altura, meu pai, que a tudo ouvia, pois a porta do delegado estava aberta, ouviu-o dizer algo como ‘É uma questão de tempo, ou ele é preso ou morto como o filho daquele senhor’, referindo-se a meu pai, que nesse momento, inteirou-se do falecimento de Eremias. Em seguida, Fleury explicou-lhe o ocorrido na Vila Kosmos, agregando que Nóbrega estava vivo e havia sido preso dias antes, e que, portanto, o morto em outubro de 1969 era Eremias. Fleury descartou qualquer possibilidade de ajuda em relação ao esclarecimento oficial dos fatos, alegando que se algo pudesse ser feito, seria no Rio de Janeiro, junto ao I Exército. Dias após a ida de meu pai ao Dops, a imprensa toda noticiaria que Nóbrega havia sido preso e que a pessoa morta no confronto com o Exército, em outubro de 1969, era Eremias. Enquanto durou a clandestinidade de Eremias, principalmente nos meses de junho a agosto de 1969, a casa de meus pais era constantemente visitada e vigiada por agentes policiais ou militares. Diante do clima de repressão reinante à época, meu pai entendeu não ser possível iniciar o esclarecimento dos fatos. Em 1975 ou 1976, meus pais foram ao Rio de Janeiro para tentar obter mais informações e localizaram uma vizinha da casa onde fora morto. Segundo a vizinha, a repressão montou um grande aparato, interditando o quarteirão onde se situavam as casas e pessoas que se diziam militares do Exército pediam que os moradores das vizinhanças permanecessem quietos em suas casas. Contra a casa em que morava Eremias foram disparados inúmeros tiros, inclusive de metralhadora e bombas e, de dentro da casa, partiram também vários tiros. A vizinha acrescentou que parte do efetivo militar utilizou-se de sua casa para invadir a casa onde estava Eremias.


Somente em 1993, a família conseguiu o atestado de óbito de Eremias, além da necrópsia e certidão de óbito em nome de Nóbrega e 31 fotos de perícia de local (ICE n° 658/69).

O laudo de perícia de local, também encontrado no ICE/RJ é longo, tendo 10 páginas e descreve o desalinho em que se encontrava a casa onde Eremias foi morto, uma verdadeira operação de guerra.

Documento da Santa Casa de Misericórdia/RJ afirma que, em 25 de maio de 1975, os restos mortais de Eremias foram incinerados como era de praxe.

No Arquivo do DOPS/RJ, consta documento do CENIMAR, de n° 0189, de 23 de julho de 1970, que traz uma relação de militantes do COLINA, VAR-PALMARES e VPR e sua situação em 15 de junho de 1970, onde há os nomes de José Araújo Nóbrega, como banido e Eremias Delizoicov, como morto”.


sábado, 5 de março de 2011

S. A. HIELPERT I.

Aspecto interno da fábrica da Sociedade Anonyma Hielpert, na década de 1920, que situava-se onde hoje é o atual Atacadão, terreno que faz esquina com a Avenida Vicente de Carvalho e Avenida Automóvel Club (atual, Av. Pastor Martin Lutter King Jr.). Pode-se notar que naquela época, considerando a pobreza da população e do país, a realidade de Vicente de Carvalho como bairro de periferia, distante do Centro da Capital Federal (Rio de Janeiro), instalou-se uma fundição de grande porte, com capital estrangeiro.

S. A. HIELPERT II.

Aspecto do terreno da Sociedade Anonyma Hilpert. Ao fundo e à direita o que hoje é o morro do Juramento, junto à Avenida Automóvel Club (atual, Av. Pastor Martin Lutter King Jr. Ao fundo e à esquerda, o morro da Bicuda, no atual bairro da Vila Kosmos. O local onde as pessoas foram fotografadas é parte do grande estacionamento do antigo Carrefour, atual Atacdão.